Urtiga, planta do mato
diz que coça sem parar...
É um 'pó-de-mico' de fato
prá quem gosta... de coçar.
Com tristes traços foi feita
quem hoje jaz, esquecida:
velha tela que hoje enfeita
os porões da minha vida.
Debaixo de um sol ardente,
num calor insuportável,
não há trovador que agüente
trovar e ser agradável.
Me chamaram de teimoso,
respondi que não sou não !
Bato o pé, fico nervoso,
mas... é teimosia não !
Praia brava, erma, escondida,
assim és tu para mim.
Se sou mar, fonte da vida,
sou teu princípio, és meu fim.
Feitiço é coisa que cola;
depende de quem jogou.
Se é de sogra, extrapola,
se é de 'ex'... extrapolou !
Boneca, ao colo embalada,
nos afagos da menina...
A mãe vai sendo forjada
e nem sequer imagina.
Estranho, às vezes me sinto
mesmo estando ao lado teu.
Não quero mentir mas minto.
Parece que eu não sou eu...
Romantismo, hoje em dia,
é bobagem, há quem diga.
Só o poeta, quem diria,
para bobagem ainda liga.
- Romantismo, coisa antiga
coisa velha, meu senhor.
- É que, talvez, minha amiga,
venha lhe faltando amor.
Ventilador assoprando,
um calorão desgraçado.
Parece que estou assando ?
Por certo já estou assado !
- A salvação vem de longe !
Escuto a grita na rua.
Olho ao redor, vejo um monge,
tentando 'salvar' a Lua !
Covardia, companheiro,
é defeito muito grave.
É, no pênalti, o goleiro,
rezar por bola na trave !
Como é bravo, o delegado
que em minha cidade atua.
Não há bandido ou safado
circulando pela rua.
Orelhas ? Eu tenho duas,
para poder lhe escutar.
Mas não me venha com as suas
se não, não dá prá agüentar.
Por um chamego, não nego
minha linda, eu me acabo.
Por seu chamego me entrego,
me entrego e, depois... desabo.
Papoula é nome de flor,
também o é de mulher.
Pouco importa qual a cor,
eu aceito a que vier.
Batina velha, surrada,
que usa o cura da cidade,
é a prova mais bem provada
do valor da humildade.
Quando a cobra chegou perto
e encarou 'Eva e Adão',
deve ter pensado, ao certo:
- O Senhor errou a mão !
Um grande espanto senti
ao tirar o meu extrato.
Foi o mesmo que eu vivi,
quando vi o seu retrato.
Gota de orvalho que brilha
na luz do sol, no jardim.
É uma sutil armadilha
que a beleza armou prá mim
O bar é templo sagrado
Nele habitam seres 'puros':
Cachaça, rum, destilados,
Vermutes claros e escuros...
Se a mim, pouca vida resta,
eu quero que ela assim seja:
muito riso, muita festa,
muito amor, muita cerveja !
Enche a cara, até transborda...
Diz que tem urucubaca.
Se bebe logo que acorda...
- É prá curar a ressaca !
'Não dê pinga para o santo
- no boteco estava a escrita -
que o santo aqui deste canto
não é chegado a mardita'
Violão, tu vens do pinho,
do barro, te afirmo, eu vim.
O teu som é um torvelinho
são teus acordes, meu fim !
Por você, juro, eu faria,
a mais dura penitência:
nem cerveja eu beberia
prá curtir a sua ausência !
Prova a existência de Deus,
o fato de eu existir.
Pois, com tantos erros meus,
demoro tanto a partir...
O esforço não surte efeito...
Você tenta e não consegue...
Vai tentando de outro jeito
antes que o diabo o carregue.
Um aumento... de salário...
há muito tempo eu espero.
Mas meu chefe, salafrário,
de aumento meu deu ...um zero !
É mandar meu chefe embora,
meu desejo mais premente.
Se o chefe é minha senhora,
como espera que eu agüente ?
Mulher passa fome em casa...
Se o marido dá bobeira,
essa mulher cria asa,
vira 'franga botadeira'.
Lá no quintal do vizinho,
tem muita coisa engraçada:
tem ninho de passarinho,
tem pássaro de ninhada.
Tem um final conflitante,
toda estória mal contada
com passarinho e elefante
se mandando em revoada...
Da vida que a gente leva,
pretendo nada levar.
Este viver não me enleva
nem quero me enlevar.
Mostre uma linda morena,
e eu lhe direi, com certeza:
- Tanto faz que seja Helena,
nem me importo se é Tereza
Eu não gosto de mulher !
Afirmou-me o Wanderlei...
O que mais que ele quer ?
Que lhe chamem 'Wandergay' ?
Perdão não se pede à toa,
só pede quem já pecou.
Por isso que se perdoa
quem sempre se perdoou.
Natal! A ceia na mesa...
Traz-me à lembrança, meus pais
me demonstrando a beleza
de inesquecíveis natais...
Natal ! A ceia na mesa...
A família radiante
nem se lembra... que tristeza,
quem é o aniversariante !
Natal ! A ceia na mesa...
E num cantinho da sala,
no presépio, a Natureza,
o Filho de Deus, embala.
Com bom humor, esta vida
deve ser por nós regada.
Se não for assim vivida,
a vida não vale nada !
De ovinho de codorna
lhe garanto, não preciso,
se a coisa anda meio morna,
se alevanta com um sorriso.
Qual mariposa solteira,
que vive em volta da luz,
você faz tanta besteira
que a má fama já faz jus.
Em sol maior e com primas,
ao meu amor eu dou prova,
que é do bom uso das rimas,
que nasce a mais bela trova...
Até o sisudo pastor,
quando a vê, tem um chilique.
A mulher do Claudionor,
é mesmo prá lá de 'chic'.
Eu sinto orgulho do tema,
quando o tema poesia.
Se dela faço o meu lema,
nela só tenho alegria !
A métrica é um postulado
que rege a trova; é uma lei.
Da trova de pé quebrado...
O que eu penso ?... Não direi !
Recado do coração ?
Dá sufoco, dor no peito ?
Bate uma, outra não ?
Coração ´tá com defeito...
Modernidade ao compor
é o que o desejo comprova:
dê-lhe, então, que nome for,
só não lhe chame de trova !
Não basta, apenas, querer.
O trovador que diz sê-lo,
precisa, além de saber,
ter talento ou, então... não tê-lo
De coração apaixonado
eu entendo muito pouco.
O meu só vive assustado,
pulsa e chora feito louco.
Um coração estressado,
magoado, com desamor,
por certo estará fadado
a morrer envolto em dor...
Vivida em cores de dor,
era tão grande, a paixão,
que eu nem sei qual era a cor,
se era paixão... não sei não!
Sacrifício bem pequeno,
tu fizeste, ao me deixar.
Até hoje eu me condeno
por ter que te condenar...
O perdão é o grande bem
dos puros de coração,
e é do coração que vem,
a pureza do perdão.
A dar um sim à vaidade,
prefiro um 'não' bem austero.
Com toda sinceridade,
prefiro ser bem sincero !
Há muito termo na língua
que ao bom macho compromete:
quem 'insere', morre à míngua,
quando insere... um croquete.
Queijo coalho, queijo minas,
muzzarela, gorgonzola,
iguarias das mais finas
que ao meu paladar consola.
Empada sem azeitona,
sem ter tempero e sem sal,
sanfoneiro sem sanfona
se não faz bem, não faz mal...
Eis o sonho do pau-d´água,
quando vai ao piquenique:
afogar a sua mágoa
num delicioso alambique !
...e nem se lembra da rima,
quem, do amor, já se esqueceu,
quem perdeu a auto-estima,
quem, por saudade, sofreu...
Cobrem o seio dos campos,
açucenas, margaridas...
A noite são pirilampos,
que, os prados, enchem de vidas.
'Perfumam' todas as estradas,
todos caminhos da roça,
as porcarias deixadas
por muares de carroça.
O remédio é um novo amor,
prá curar paixão antiga.
Coração de trovador,
curte amor, não curte briga...
Quero outra vez ser menino,
e acertar onde eu errei.
Poder mudar meu destino,
não te amar como eu te amei !
Visão de minha janela,
mais esplêndida não há:
bem em frente, a casa dela
e a janela onde ela está !
Vivendo só do salário,
muito embora boa gente,
o 'saldo' do Olegário,
deixa vermelho o gerente.
Dinheiro, principalmente,
prá mim, é problema não !
Dinheiro, logicamente,
sempre foi a solução !
Sem sorte mesmo, é o Conrado,
sujeito de boa linha:
ele não chifra, é chifrado,
pela infiel mulher Zinha.
'Manso' logo lembra corno,
esta palavra pesada
que a muitos causa transtorno
e ao manso, não causa nada !
O perdão é mais completo
quando inclui o esquecimento,
pois não basta só afeto,
é preciso envolvimento.
Numa taça de um bom vinho,
daqueles de boa origem,
existe, sempre, um pouquinho
de uma suave vertigem.
Dançar juntos não dá pé...
Diz o jovem moderninho.
Mas que é gostoso, isto é,
dançar bem agarradinho.
Paraqueda... para tê-lo
fica caro prá chuchu..
Para queda de cabelo
recomendo um bom xampu !
Ninho pobre, ninho tosco,
fui eu mesmo quem o fez...
A paixão ninhou conosco,
agora já somos três!
Louvar a mãe num só verso ?
Impossível ! Eis a prova:
o amor maior do Universo
não cabe numa só trova !
Um poeta que se prima,
os seus dotes põe à prova:
das palavras, faz a rima,
e das rimas... faz a trova.
Não te juro eterno amor,
que vou te amar sempre mais,
pois, amor rima com dor
e sempre é tempo, demais.
Meu filho, ouça o que eu digo:
- Viva a vida sempre reta.
E, ao buscares um amigo,
seja amigo de um poeta.
Prá muitos homens, na vida,
fortuna nada mais é
que o amor da mulher querida
num ranchinho de sapé !
É muito antiga a receita,
prá quem a fortuna almeja:
ao dares co a mão direita,
não deixes que a esquerda veja !
É no passado da gente
que está o que hoje somos,
pois, nós somos, no presente,
imagem do que já fomos.
Ensinamento mais puro,
que nos oferta, a semente:
só se colhe, no futuro,
o plantado no presente.
Na vida acredito, ainda,
por um motivo somente:
uma netinha tão linda,
que Deus me deu de presente
Sou boêmio... e, se procuro,
na noite, espantar o tédio,
meu amor, por Deus eu juro,
só você sabe o remédio...
Costume dos mais antigos,
esse trio ninguém bate,
une todos, faz amigos:
cuia, bomba e erva-mate.
A idade, meu senhor,
na mulher, faz a magia:
de dia é toda calor,
na cama quente ela esfria...
No calor da meia-idade,
um velhote se atrapalha:
por não ter virilidade,
pifa uma, a outra falha...
No calor do rala-e-rola
meu vizinho, seo Rosário,
quando moço, foi frajola,
hoje é sex...sagenário !