A jovem mãe
Poeta Devany
Era uma jovem mãe que vivia quase só
em sua choupana que sugeria dó.
Com paciência quase de Jó
criava seu filho e cuidava da avó.
A vida não lhe sorria, lhe ria,
e a fome que não merecia,
só vencia
porque alguém sempre lhe valia.
Era assim que a jovem vivia.
Vivia?
Pai, não sabia se ainda tinha.
Mãe, só quando dela precisava, vinha.
Mesmo pouco sendo e tendo,
sentia-se rainha.
A comida, escassa, esbelta lhe mantinha
e seu semblante lembrava uma santinha.
Ao receber, na choupana, um ancião
que pedia comida, ou migalhas de pão,
tirou o que tinha e com devoção
entregou seu bocado para aquele irmão.
A jovem era assim, de bom coração.
Sonhava até com uma vida decente
e seus planos e tesouro guardava na mente.
Triste, pensava:
- Meu Deus será que sou gente?
Segurando seus trapos seguia em frente,
às vezes, parecendo um tanto demente...
O pequeno no colo e a avó amparando,
estando cansada seguia arrastando.
Descansando estando,
continuava trabalhando.
Em outros momentos se via rezando.
Seus dois tesouros zelava amando.
O filho crescia e em seu colo pesava,
a avó já não ouvia e também não enxergava.
Sua sina cumpria e, por vezes, lembrava
da força que vinha e que lhe amparava.
Em seus sonhos uma Luz
Explicava-lhe sua cruz:
- Alguém que hoje você bem conduz,
amanhã, sorrindo-lhe, vem e lhe reluz.