Onze minutos
Hermes José Novakoski
Quando nasci conheci um homem forte, valente, nervoso, sábio, humilde, um homem que não tinha medo de nada, dizia que nada além de Deus poderia lhe tirar a vida.
Era sempre decisivo, gostava de festas e de diversões, criou com sua amável esposa, seis filhos, viveu sempre na humildade, não conheceu muito o mundo, tinha alguns "inimigos", dos quais não tinha medo, alguns eram grandes, mas um era pequeno, este homem tinha-o em suas mãos, fazia dele o que queria, só que nunca imaginou que esse pequeno "inimigo" era tão forte e nem se deu conta que toda vez que o pegava em suas mãos eram onze minutos a menos de vida.
Passou-se o tempo e quarenta anos depois ele começou a sentir o poder deste "inimigo" tão insignificante, mas era tarde demais, pois ele tinha dominado seu corpo. Três anos depois, sofrendo no leito de uma UTI este homem gemia, lamentava-se e chorava de dor, apenas aqui percebeu a força deste "inimigo".
Este homem valente que vi durante dezessete anos transformou-se numa criança que dependia do "inimigo" e sem ele não podia passar um dia sequer.
Amigo, esse homem era meu pai, e o "inimigo" que ele não conhecia era o cigarro.
Por você, por sua família, não fume, te peço porque vi meu pai morrendo (morto) por causa do cigarro.
De onze em onze minutos, de um em um cigarro foram mais ou menos dezoito anos a menos de vida...
Esta é a história real de um homem que quis viver somente mais onze minutos para abraçar a vida e a família e não conseguiu.