Consciência cósmica: o bem absoluto
Hideraldo Montenegro
Ora, se admitimos (e dizemos puder constatar) que existe um bem
absoluto (entendendo-se, natural e obviamente, absoluto como
invariável – infinito e eterno), então, assim como o tempo e o espaço,
o mal é relativo. Sendo assim, o mal só acontece temporariamente no
tempo e espaço e, consequentemente, não pode ser absoluto, pois, se o
bem é absoluto, o mal também não pode igualmente ser ou vice-versa. Ou
seja, neste caso, o mal jamais será eterno.
Enfim, ou o bem é absoluto ou o mal o é. Se o bem é absoluto, esta sua
condição elimina automaticamente um provável estado absoluto do mal.
Se Deus (ou uma inteligência superior que denominamos assim) é
absoluto, origem de todo bem, então, não pode existir opostamente um
mal absoluto e, muito menos, um comandante supremo do mal. Afinal, o
absoluto não pode ser fracionado.
Se partirmos da premissa de que o bem é absoluto, então, o mal não
pode ter permanência nem sobrevida nos planos espirituais nos níveis
superiores (de consciência), portanto. A escuridão é a ausência da
consciência, bem como, a presença da consciência é o seu oposto, a
luz. Isto implica deduzir que não existe o mal absoluto nos planos
espirituais (da mente pura ou absoluta). Sendo assim, não pode
existir, por exemplo, um "senhor das trevas", comandante supremo do
mal, apesar de toda crença que afirme tal existência.
O dualismo só aparece quando o absoluto se manifesta no universo da
relatividade. Ou melhor, quando a consciência enxerga o absoluto de
forma fracionada, submetida que estar às referências do tempo e
espaço.
Evidentemente que, neste caso, podemos supor que não existem nem bem
nem o mal absolutos. Paradoxalmente, contudo, não existindo o mal
absoluto também podemos afirmar então que há um bem absoluto
justamente por não existir um mal absoluto. Afinal, a ausência de um
faz com o que o outro exista.
A polaridade é o princípio básico de toda e qualquer manifestação. A
polaridade ocorre na referência presença e ausência. Consideramos
positivo ou negativo tal ou qual condição.
A presença de algo indica a ausência do seu oposto ou vice-versa.
A escuridão, por exemplo, é apenas a ausência da luz. A escuridão
representa a inconsciência e a luz, a consciência. Sabemos que a
consciência manifesta apresenta vários níveis. Situamos o mal e o bem
nos extremos opostos destes níveis.
Esta oposição bem x mal é resultante da consciência (presença) ou de
sua falta (ausência). Ou seja, o dualismo existe em virtude da
oposição conhecimento x ignorância.
Dizemos que o mal é a falta de consciência, ou seja, é resultante da
ignorância e que o bem é justamente o contrário, o conhecimento (ou
consciência). Mais adequado é a palavra oriental para tal condição da
apreensão do conhecimento: iluminação.
O mal, portanto, é a ausência do bem. Como disse o filósofo grego
Sócrates, a ignorância, é a raiz de todo mal. Usando uma alegoria, o
escuro (a ignorância) existe até que a luz (o conhecimento) o elimine.
O maior impedimento ao conhecimento, ou seja, a expansão da luz é a
crença.
A crença, portanto, em demônios, por exemplo, não passa de fruto da
ignorância. Bom lembrarmos a Idade Média e as fogueiras da
inquisição.
O melhor exorcismo, que eliminou de vez nas pessoas de bom-senso a
crença em demônios foi feito por Galileu Galilei, Nicolau Copérnico,
René Descartes, Isac Newton, Francis Bacon, etc, na Idade Moderna,
através do conhecimento, apesar desta tolice resistir até os dias de
hoje, obviamente amparada pela ignorância.
Enfim, onde existe o bem não existe o mal.
Bom lembrarmos as palavras de Osho:
"A primeira coisa que te será revelado, se meditares sobre as trevas,
é que as trevas não existem, não têm qualquer existência. É mais
misteriosa as trevas do que a luz, e não têm absolutamente existência
– pelo contrário, não passa de ausência de luz".
Em outras palavras, se existe um Deus absoluto, então, não pode
existir uma sua oposição, por exemplo, como o diabo.
Sendo absoluto, tudo é Deus e Deus é tudo.
O que, neste caso, dizemos ser um mal, trata-se de uma violação das
Leis Cósmicas (as leis naturais) e suas consequentes reações
negativas. Ou seja, o mal é uma desarmonização, ou melhor, o bem
opostamente é a harmonia com os princípios absolutos, a Consciência
Cósmica, divina. Em outras palavras, o mal está na inconsciência e
existirá até quando a tomada de consciência o elimine de vez.
A conclusão deste raciocínio é de que o diabo representa
alegoricamente apenas a falta de consciência (a ignorância) e, assim,
de fato não tem nenhuma existência efetiva. Afinal, Deus (ou a Mente
Cósmica) sendo onipresente, onisciente e onipotente já encerra em si a
verdade última de todo universo, sua origem e fim. Portanto, a partir
desta premissa, não pode existir nenhum tipo de fragmentação desta sua
essência: a Consciência Cósmica (a Consciência de Deus), toda pureza,
toda bondade, eterna e infinita.
E, não há melhor e mais significativa palavra para designar o
despertar da consciência do que "iluminação", quando, enfim, a luz
elimina de vez toda maldade e toda obscuridade, promotora de todos os
males humanos.